Publicidade
Página Inicial

Caso Atirador de Realengo: em muitos casos, até discos rígidos queimados podem ser recuperados

11/04/2011 às 12:20 em Sem categoria

Wellington Menezes de Oliveira tentou eliminar pistas ateando fogo no PC.
HDs são bastante resistentes contra altas temperaturas, dizem especialistas.

Altieres Rohr
Ainda pode ser possível recuperar o computador queimado de Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, que invadiu salas de aula cheias de alunos na escola Tasso da Silveira na quinta-feira passada (7), matando 12 crianças. Ele tentou eliminar pistas, segundo a polícia, ateando fogo no equipamento. 
Mas, segundo especialistas, fogo não é a melhor maneira de se livrar de um disco rígido – na verdade, HDs são bastante resistentes contra altas temperaturas. Se o fogo não chegou a danificar as mídias do disco (chamadas de platters), os dados ainda podem ser recuperados.
Se você tem alguma dúvida sobre segurança da informação (antivírus, invasões, cibercrime, roubo de dados, etc), vá até o fim da reportagem e utilize a seção de comentários. A coluna responde perguntas deixadas por leitores todas as quartas-feiras.
Detalhe de um disco (platter) dentro da estrutura
de um HD (Foto: DataRecover/Divulgação)
A coluna Segurança Digital do G1 consultou por e-mail dois especialistas em recuperação de dados, um brasileiro e um norte-americano, para saber quais são as principais causas de defeito em discos rígidos de computadores, e se HDs incendiados são normalmente recuperáveis.
“Acredito que as pessoas se surpreenderiam se soubessem quanto calor uma unidade de disco rígido pode suportar. Isso se deve principalmente à engenharia de construção de um HD, que posiciona as mídias (platters) em um ambiente selado dentro do disco”, explica Lerry Granville, diretor de operações da empresa DataRecover.
A DataRecover trabalhou na recuperação de dados do avião 3054 da TAM e também em alguns casos de discos danificados pelo furacão Katrina, que devastou a cidade de Nova Orleans, nos EUA, em 2005. A empresa atua no ramo desde 1994.
Scott Moulton, especialista com mais de 20 anos de experiência em recuperação de dados para perícia e diretor da empresa norte-americana My Hard Drive Died, tem a mesma opinião, mas enfatiza a dificuldade do processo. A recuperação de dados pode precisar construir um HD idêntico ao queimado e colocar as platters do HD danificado nele. Mas o fato de o disco estar queimado pode dificultar a identificação dos componentes necessários para a tarefa.
“As platters estão quase sempre intactas e brilhantes, pelo menos se nenhuma água entrou no disco. Porém, o resto dos componentes pode ter derretido. A parte mais difícil é o rótulo do HD, que faz os números não ficarem visíveis. A parte eletrônica é muito importante, mas o selo queimado torna difícil saber quais eram os componentes usados no disco para a construção de um drive idêntico”, explica Moulton.
“Não existe um botão mágico que recupere os dados. É necessário muita pesquisa e investimento, pois cada modelo necessita de ferramentas diferentes”, também afirma Granville. O processo exige especialistas altamente treinados e um laboratório com uma Sala Limpa classe 100, que filtra partículas para impedir que elas causem danos às platters quando estas foram expostas ao ar.
Recuperação de dados depende de engenheiros treinados e trabalho manual (Foto: DataRecover/Divulgação)Recuperação de dados depende de engenheiros treinados e trabalho manual (Foto:DataRecover/Divulgação)
Falhas humanas também danificam discos
Além de falhas envolvendo problemas do próprio disco rígido – como partes danificadas pelo uso, falhas na programação do disco (firmware). Mas alguns problemas são externos aos discos rígidos. Dois exemplos são o manuseio incorreto do disco e fornecimento de energia inadequado.
Os erros humanos envolvem desde uma formatação do disco rígido – na qual os dados ainda podem ser recuperados depois, sem grande dificuldade – até a realização de movimentos bruscos, empurrando e carregando o computador ou movendo um HD externo em operação.
“A tecnologia de funcionamento de um HD faz com que a cabeça de leitura (head), que é o elemento responsável por transferir os dados da mídia para o computador, flutue a uma distância infinitamente pequena, menor que um fio de cabelo, da mídia [platter]. E a mídia está girando a 7200 rotações por minuto”, explica Granville, da DataRecover. Nesse contexto, qualquer movimento brusco é capaz de danificar o HD. “Muitos danos acontecem por movimentação”, completa Moulton, da My Hard Drive Died.
Falhas no fornecimento de energia elétrica ou uma fonte de alimentação ruim no computador também podem causar uma parada brusca no disco. Os circuitos eletrônicos do HD, segundo Granville, não estão preparados para isso. “Todos os computadores que possuem dados importantes deveriam estar ligados a um no-break ou, pelo menos, a um estabilizador aterrado”, recomenda.
Ambiente de trabalho precisa estar livre de partículas para que a platter não seja danificada quando exposta (Foto: DataRecover/Divulgação) 
Ambiente de trabalho precisa estar livre de
partículas para que a platter não seja danificada
quando exposta (Foto: DataRecover/Divulgação)
No caso de uma parada brusca, o braço de leitura não se recolhe para a área correta e, sim, sobre o disco, causando danos. “Seria como se, na hora de pousar um avião, não baixasse o trem de pouso”, ilustra o especialista brasileiro.
Já Moulton destaca a importância de uma boa fonte de energia no PC. A fonte de energia é responsável por transformar a voltagem de 110v ou 220v nas voltagens necessárias ao PC, normalmente 12v, 5v e 3.3v. “Uma fonte de alimentação ruim danifica o disco. Fontes de alimentação são normalmente a parte mais barata de um computador, mas a mais importante. Uma boa fonte de alimentação vale seu peso em ouro para seus dados”.
Problemas mecânicos são os mais graves
Arquivos removidos, HDs formatados e placas e circuitos queimados ou danificados normalmente não significam que o disco está irrecuperável. Granville conta que mais de 90% dos discos que chegam à DataRecover podem ser recuperados com sucesso. Mas às vezes não é possível ou, então, muito difícil. “Dentre os problemas mais complexos estão os casos mecânicos, pois geralmente este tipo de falha acaba riscando ou impedindo o acesso à mídia”, explica.
Empresas preocupadas com seus dados recorrem à trituradores para destruir os dados em um disco (Foto: Reprodução) 
Empresas preocupadas com seus dados
recorrem à trituradores para destruir os
dados em um disco (Foto: Reprodução)
Moulton, da My Hard Drive Died, tem a mesma opinião: os problemas mais difíceis são os que requerem uma nova construção da parte mecânica do drive – a de leitura da mídia (platter). “Placas podem ser soldadas sem preocupação com o alinhamento da cabeça de leitura, mas uma cabeça desalinhada pode ser um pesadelo para realinhar. Não existem ferramentas práticas para fazer isso, é necessário ir pela tentativa e erro”.
A recuperação de um disco seriamente danificado pode custar mais de R$ 15 mil, mas os casos mais simples podem ser recuperados com preços que giram em torno de R$ 400.
Há, também, usuários que não querem que seus dados sejam recuperados, como por exemplo quando um HD será jogado no lixo ou revendido. Moulton recomenda o HDDErase. Granville comentou sobre o Active Killdisk, mas advertiu que “nesta vida nada é 100% garantido”. Algumas empresas, preocupadas com seus dados, decidiram triturar os discos velhos, inviabilizando a recuperação dos segredos comerciais armazeados.
Altieres Rohr é especialista em segurança de computadores e, nesta coluna, vai responder dúvidas, explicar conceitos e dar dicas e esclarecimentos sobre antivírus, firewalls, crimes virtuais, proteção de dados e outros. Ele criou e edita o Linha Defensiva, site e fórum de segurança que oferece um serviço gratuito de remoção de pragas digitais, entre outras atividades. Na coluna “Segurança digital”, o especialista também vai tirar dúvidas deixadas pelos leitores na seção de comentários. Acompanhe também o Twitter da coluna, na página http://twitter.com/g1seguran

Fonte/http://g1.globo.com

Acompanhe o Blog do Antonio Marcos também no Facebook e no Twitter.

Deixe um comentário


2 − = 1