Polícia quer assassino confesso de Décio Sá em presídio federal
10/08/2012 às 11:04 em Polícia
São Luis – O pistoleiro paraense Jhonatan de Sousa Silva, de 24 anos, assassino confesso do jornalista Décio Sá, pode ser transferido nos próximos dias para um presídio federal de segurança máxima. A informação foi dada ontem pelo subdelegado-geral de Polícia Civil do Maranhão, Marcos Affonso Júnior, que aguarda apenas a oficialização do Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN).
“A Polícia Civil já fez o contato com o DEPEN, no intuito de providenciar a transferência do criminoso. Entretanto, a comissão investigadora ainda não recebeu nenhum retorno oficial do órgão autorizando esse procedimento, que se faz necessário para manter a integridade física do preso, que confessou um dos crimes de maior repercussão no país”, explicou Marcos Affonso Júnior.
Mesmo com a expectativa de receber o ofício do órgão brasileiro responsável pela fiscalização dos presídios de todo o país, a Polícia Civil do Maranhão não sabe definir para qual unidade federal Jhonatan de Sousa Silva será transferido. Isso porque, de acordo com o chefe da comissão investigadora do caso, a escolha do presídio em que o matador ficará custodiado será feita pelo DEPEN.
“Não compete à polícia maranhense escolher qual presídio federal receberá o assassino de Décio Sá. Esses critérios ficam a cargo do DEPEN, que, inclusive, também se responsabilizará inteiramente pela retirada de Jhonatan Silva dos cuidados da Secretaria de Segurança Pública do Maranhão e do deslocamento do preso à unidade federal escolhida”, concluiu o subdelegado-geral.
Jhonatan de Sousa Silva, que é natural da cidade de Xinguara, no Pará, foi preso no dia 5 de junho como traficante de drogas, em uma chácara, localizada no bairro Miritiua, município de São José de Ribamar. Na ocasião, o matador de Décio Sá estava em companhia de um primo, portando 10 kg de crack; uma escopeta calibre 12 e uma pistola ponto 40, semelhante à usada para matar o jornalista.
No dia 13 daquele mês, a Polícia Civil prendeu, por determinação da Justiça, outras seis pessoas suspeitas de integrarem uma rede de agiotagem responsável por financiar a morte do repórter da editoria de Política de O Estado. Entre os presos da chamada Operação Detonando estão os empresários agiotas Gláucio Alencar Pontes Carvalho, de 34 anos, e seu pai, José de Alencar Miranda Carvalho, de 72 anos.
Também foram presos na ação policial José Raimundo Sales Chaves Júnior, o Júnior Bolinha, de 38 anos, e Fábio Aurélio do Lago e Silva, o Buchecha, de 32 anos, apontados como intermediadores da morte do blogueiro maranhense. O último a ser preso foi o subcomandante do Batalhão de Choque da Polícia Militar, Fábio Aurélio Saraiva Silva, de 36 anos, suspeito de ter fornecido a arma utilizada pelo assassino.
As investigações indicaram que o jornalista passou a ser alvo dos agiotas depois que relacionou em uma postagem no seu blog (www.blogdodecio.com.br) o assassinato do empresário Fábio dos Santos Brasil Filho, o Fábio Brasil, de 33 anos – crime ocorrido no dia 31 de março, na cidade de Teresina, no Piauí, a uma rede de agiotagem estabelecida no Maranhão. Para não ser descoberta, a quadrilha encomendou o crime.
Décio Sá foi assassinado aos 42 anos, com cinco tiros de pistola calibre ponto 40, três deles na cabeça, no fim da noite do dia 23 de abril, no Bar Estrela do Mar, na Avenida Litorânea, em São Luís. A prisão do grupo se deu depois que o pistoleiro Jhonatan Silva resolveu entregar a quadrilha por não ter recebido todo o dinheiro prometido pelos agiotas para que ele cometesse os homicídios no Piauí e no Maranhão.
Em depoimento, Jhonatan Silva afirmou que, dos R$ 100 mil combinados pela morte de Fábio Brasil, ele só teria recebido R$ 10 mil, e que dos R$ 100 mil oferecido pelo assassinato de Décio Sá apenas R$ 20 mil foram pagos. Com os agiotas, a polícia apreendeu 37 talões de cheques em branco, com assinaturas de prefeitos maranhenses, situação que reforçou as suspeitas de crimes de agiotagem no estado.