Prefeita Cristiane Damião, pres. do COMEFC, entidades e jornalistas podem ter sido vitimas de espionagem praticada pela Vale
Por Maicon Sousa
Entre as entidades supostamente espionadas está o Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos – CDVDH de Açailândia Rede Justiça nos Trilhos e Movimento dos Sem Terras – MST.
O ex-funcionário da Vale, André Luis Costa de Almeida (40), demitido pela a empresa global em março de 2012, decidiu contar tudo o que sabe sobre as ações nada republicanas praticadas pela a empresa, para defender seus interesses.
André Luis, trabalhou durante oito anos na área de vigilância da Vale, sendo os dois primeiros meses como contratado e depois disso como funcionário do Departamento de Segurança Empresarial da empresa. André se tornou a pessoa responsável pelo serviço de inteligência e gestor de contratos da Vale com empresas terceirizadas, muitas destas teriam chegado a falência, por conta de esquemas praticados por membros da Vale, a informação foi revelada pelo blogueiro Decio Sá (in memória),
Após ter sido demitido, André Luis, ingressou com uma representação no Ministério Público Federal (MPF). Ao órgão, o ex-funcionário informou que participava de relatórios e era informado formal e informalmente de diversas ações antiéticas praticadas pela Vale, algumas ações ia contra as normas internas da própria empresa. Questionado sobre o motivo pelo qual realizava os atos ilegais, André, afirmou que se sujeitava a tais praticas porque caso se negasse em fazê-lo seria demitido sumariamente.
Espionagem, grampeamento de jornalistas e pagamento de propinas para ter acesso a informações
Munido de provas irrefutáveis (notas fiscais), André, denúncia que a empresa Network, com sede no rio de janeiro (RJ), que atua no serviço de inteligência, foi contratada pela a Vale para fazer serviços de Infiltração de agentes em movimentos sociais; pagamento de propinas a funcionários públicos para obter informações de investigações contra a empresa; grampos telefônicos e “Dossiês de Políticos” para evitar posicionamentos contrários aos interesses da Multi Nacional (Vale). Segundo ele, os estados onde tais ações ocorreram foram, Rio de Janeiro, Espírito Santos, Minas Gerais, Pará e por fim o Maranhão.
Segundo o ex-funcionário, para defender seus interesses, grampear jornalistas, pagar propinas a funcionários públicos e espionar lideranças de movimentos sociais, a Vale possui uma central de espionagem que emprega 200 pessoas e utiliza cerca de quatro mil terceirizados (Números fornecidos por André, a Vale não fornece tais informações).
Ainda segundo o denunciante, até mesmo o gerente-geral de imprensa, Fernando Thompson, foi alvo de grampos ilegais. Foi revelada ainda a existência de uma série de dossiês contra lideranças de movimentos sociais como o advogado Danilo Chammas e o Padre Dario, da ONG, Rede Justiça nos Trilhos, de Açailândia.
O Gerente Geral de Segurança Norte, Roberto Monteiro, fez um pedido direto a empresa Network, para que um agente fosse infiltrado na Rede Justiça nos Trilhos. Um demonstrativo de junho de 2011, com pagamento total de R$ 247.807,47 a Network. Na prestação de contas do Escritório Norte (Pará e Maranhão), no item “Rede Açailândia”, consta a despesa de R$ 1.635,00.
De acordo com documentação, o valor foi pago para o recrutamento de uma pessoa que atuou junto à ONG, Justiça nos Trilhos e outras atividades dos Movimentos Sociais em Açailândia. O Movimento dos Sem Terras – MST e a rede Justiça nos Trilhos seriam as principais vitimas de espionagem praticada pela Vale.
A ONG, seria uma das principais vítimas da empresa global (Vale) porque reuni diversas entidades de direitos humanos em defesa da população atingida pelas atividades do pólo exportador, ao todo são 22 municípios que sofrem diariamente com a atuação da Vale. Há mais de dois anos, a Rede Justiça nos Trilhos trava uma batalha judicial com a empresa contra as obras de ampliação da ferrovia, segundo a ONG, feitas sem licenciamento ambiental para escoar a produção em expansão das minas de Carajás, impactando ainda mais a vida das comunidades que vivem no entorno dos trilhos por onde circulam gigantescas composições ferroviárias, de 9 a 12 vezes por dia, cortando reservas ambientais e território indígenas e quilombolas.
Como já foi divulgado amplamente, os acidentes ferroviários estão entre os principais motivos de protesto, os trilhos não tem proteção nem passarelas na maior parte dos casos. O mesmo demonstrativo onde aparece pagamento para um agente se infiltrar em Açailândia, inclui R$1.360,00 para “despesas com o envio e manutenção de agente, oriundo de Belém para Marabá, para a Op. Trilho em Marabá nos dias 12, 13, 14 e 15 de maio”, dias em que os protestos pelo atropelamento de um idoso interromperam a Estrada de Ferro Carajás, da qual a Vale é concessionária.
A rede Justiça nos Trilhos também é uma das articuladoras do movimento Atingidos pela Vale, do qual participam sindicalistas e lideranças comunitárias de diversos Estados, e até mesmo de outros países onde a multinacional atua, que chega a mais de 30, comandadas pela sede no Rio de Janeiro. Essa articulação promoveu uma votação mundial pela Internet que deu à Vale o troféu de “Pior Empresa do Mundo” de 2012, entregue pessoalmente ao presidente da Vale, Murilo Ferreira.
André, afirma ainda que a Vale adquiri dados sobre antecedentes criminais de forma ilegal no Infoseg. A empresa é acusada ainda de criar “dossiês políticos”, com a ajuda dos infiltrados. Segundo apurou o Blog, o Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos, teria sido alvo de espionagem. O CDVDH é um dos principais auxiliares da ONG, Justiça nos Trilhos.
Até mesmo os prefeitos que compõem o Consórcio dos Municípios da Estrada de Ferro Carajás no Maranhão – COMEFC, conselho que cobra da Vale investimentos nos municípios atingidos pela a empresa, estariam sendo espionados pela a global, o principal alvo seria a prefeita de Bom Jesus das Selvas, Cristiane Damião (PT do B), presidente do COMEFC, na lista de membros do conselho que teriam sido espionados está o primeiro secretário do COMEFC e prefeito de Bacabeira, Alan Linhares (PTB). Ainda segundo informações, nas Audiências Públicas realizadas pelo conselho existem infiltrados que se passam por jornalistas.
Com base nas denúncias feitas por André Almeida, o Ministério Público Federal (MPF) decidiu investigar as denúncias de suborno relacionado à Polícia Federal. As denúncias de interceptação telefônica, uso ilegal do Infoseg e de dados da Receita Federal também deverão ser investigadas.